sábado, 31 de janeiro de 2004

MARÍA CRISTINA KIEHR e CONCERTO SOAVE
 
 
Depois da publicidade no blog das Trutas, procurei este disco na Fnac sem nenhum sucesso. Como consolação, comprei um compacto com obras de Alessandro Scarlatti pelos mesmos intérpretes e não estou nada arrependido. A voz cristalina e dúctil de María Cristina Kiehr é a ideal para estas estas cantatas tecnicamente exigentes. Quanto à interpretação do Concerto Soave, sob a direcção de Jean-Marc Aymes, direi apenas que é simplesmente perfeita.
A ouvir mesmo por quem não está habituado à música antiga. Se duvidam aqui está um excerto da gravação. PS: Dia 16 (e não dia 18 conforme aqui estava, por lapso, escrito) na Gulbenkian um concerto com obras de Sigismondo d'India, pormenores aqui. PS2: O tal CD Stylus Phantasticus obteve cinco diapasões na ''Diapason'' de Fevereiro.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

ANTERO


La Mer Orageuse
1869, óleo sobre tela de Gustave Courbet (1819-77).


Evolução

Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo
tronco ou ramo na incógnita floresta?
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo?

Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
O, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paul, glauco pascigo?

Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade?

Interrogo o infinito e às vezes choro?
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.

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Com os Mortos

Os que amei, onde estão? Idos, dispersos,
arrastados no giro dos tufões,
Levados, como em sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos?

E eu mesmo, com os pés também imersos
Na corrente e à mercê dos turbilhões,
Só vejo espuma lívida, em cachões,
E entre ela, aqui e ali, vultos submersos?

Mas se paro um momento, se consigo
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado
De novo, esses que amei vivem comigo,

Vejo-os, ouço-os e ouvem-me também,
Juntos no antigo amor, no amor sagrado,
Na comunhão ideal do eterno Bem.

Antero de Quental (1842-1891)
in Sonetos Completos, 1886.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2004

ISTO É CINEMA II
 
 

A2 hoje às 22 horas, "The Grapes Of Wrath" (As Vinhas da Ira) de John Ford, realizado em 1940. Isto é cinema!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2004

PODEM CRER

Dava o braço direito para saber escrever assim.

terça-feira, 27 de janeiro de 2004

FOTO CASEIRA II Ora vamos lá a animar o Sitemeter! Isto da cultura e da política não dá audiências, assim sendo decidi colocar uma sugestiva foto caseira. Dois posts mais abaixo encontrarão uma fotografia panorâmica.

ATÉ GOSTAVA QUE O BLOG FOSSE DELA III Ó sr. Frederico, em que é que ficamos? O blogue é dela ou não? De qualquer modo, uma coisa tão hilariante tem de ir para a lista aqui do lado direito.
FOTO CASEIRA Material utilizado: Telemóvel Nokia 6600 Indicador da mão esquerda Tinta de esferográfica. Close-up mais acima.

 
PEQUENA LISTA DE COISAS ESSENCIAIS

O essencial depois da lista das embirrações...

Variações Goldberg
''Vertigo'' do Hitchcock
Diário do Torga
Café bem forte
Internet
O riso das crianças
''Asas do Desejo'' de Wim Wenders
Esferográficas Bic
Arroz de pato
You know what
Cerveja preta
Sexta de Mahler
Eça
Pessoa
Máquina de barbear Philishave
Jazz depois das 19h
Madrugada de Sábado

Claro que a relação é muito maior...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

OBRIGADO FEHÉR, ATÉ SEMPRE



Ficarás para sempre na memória de todos os benfiquistas. Neste momento doloroso só consigo dizer, obrigado Miklos Fehér, até sempre.

domingo, 25 de janeiro de 2004

ATÉ GOSTAVA QUE O BLOG FOSSE DELA II

Ainda sobre o tal blog e a sua suposta autora, diz-nos A Lâmpada Mágica (antes de receber um desmentido quanto à autoria):
''Aparentemente, trata-se do blogue de uma senhora que, no seu estilo permanentemente algo deslumbrado e perplexo, consegue fazer das entrevistas mais interessantes que se têm visto na nossa TV''.
Eu diria:
Aparentemente, trata-se do blogue de uma senhora que, no seu estilo permanentemente algo deslumbrado e perplexo, consegue fazer das entrevistas mais exasperantes que se têm visto na nossa TV.

sábado, 24 de janeiro de 2004

ATÉ GOSTAVA QUE O BLOG FOSSE DELA

De qualquer modo se non è vero... è ben trovato.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2004

VARIAÇÕES

Neste site ''a+30+a' Goldberg Variations'' encontrarão tudo sobre as Variações Goldberg de Bach. Obra de Arte sobre a qual tento, há meses, escrever um post .

quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

ISTO É CINEMA



Transmitido hoje na 2 às 22h, ''La Stanza del Figlio'' (O Quarto do Filho) de Nanni Moretti, realizado em 2001.
Isto é Cinema!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

TORGA?

Tem o JPP dedicado vários posts aos precursores dos blogs; já procurei e voltei a procurar e não consigo ler uma única menção ao ''Diário'' de Miguel Torga. Será necessário lembrar que é uma obra maior da literatura mundial? Se o autor de tal obra tivesse um blog atingiria níveis estratosféricos deixando-nos aqui colados ao solo.

terça-feira, 20 de janeiro de 2004

FADO

Como não quero transformar este blogue numa colecção de efemérides apeteceu-me evocar Amália, o fado de Alain Oulman e a poesia de O'Neil.

Gaivota

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.
------
Música de Alain Oulman poema de Alexandre O'Neil.
Voz de Amália Rodrigues, LP ''Com que Voz'' de 1970.
DAVID

Praia do Paraíso

Era a primeira vez que nus os nossos corpos
Apesar da penumbra à vontade se olhavam

Surpresos de saber que tinham tantos olhos
Que podiam ser luz de tantos candelabros

Era a primeira vez cerrados os estores
Só o rumor do mar permanecera em casa

E sabias a sal, e cheiravas a limos
Que tivesses ouvido o canto das cigarras

Havia mais que céu no céu do teu sorriso
Madrugada de tudo em tudo que sonhavas

Em teus braços tocar era tocar os ramos
Que estremecem ao sol desde que o mundo é [mundo

É preciso afinal chegar aos cinquenta anos
Para se ver que aos vinte é que se teve tudo


David Mourão-Ferreira

segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

EuGÉNIO

Faz hoje 81 anos Eugénio de Andrade (nasci no mesmo dia e mês que ele). Sobre o assunto sugiro o seguinte ''post'' do blogue das trutas.
EXTREMISTAS

Manifestação de milhares de xiitas em Bagdad, exigem eleições directas segundo o princípio de ''um homem um voto''! Estes extremistas fanáticos têm ideias muito bizarras.
VENTO TROPICAL II



Partiste no dia do meu aniversário em 82.
Tiveste uma vida plena de amor, de alegria, de amizade, de ternura, de angústia, de revolta, de raiva!
A tua curta existência atravessou uma época de amor intenso mas também de repressão e censura; tudo isso se reflectiu na tua voz, os teus amores, o teu humor, a tua aversão à ditadura.
Poderão outras vozes cantar todos os sentimentos humanos, mas nenhuma saberá reinventar a tua magia.
Por tudo isso digo novamente ''Elis, insubstituível!''.

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Com amor e raiva:

Atrás da Porta
Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
Só pra provar que inda sou tua...

Letra de Chico Buarque, música de Francis Hime.

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O humor, a ternura e a amizade em ritmo de samba com seu amigo Adoniran Barbosa:

Tiro ao Álvaro
De tanto levar, frechada do teu olhar
Meu peito até, parece sabe o quê?
Táubua de tiro ao álvaro, não tem mais onde furar

Teu olhar mata mais do que bala de carabina
Que veneno estriquinina
Que peixeira de baiano
Teu olhar mata mais
Que atropelamento de automóver
Mata mais que bala de revórver

Adoniran Barbosa e Oswaldo Moles
NOTAS SOLTAS II

Próxima Estação... Deixo aqui um pedido a alguém do Metro de Lisboa que, por acaso, esteja a ler este blog. Será que em alguns comboios da Linha Amarela poderão baixar o volume da voz que diz ''Próxima estação''?!. É a gravação mais recente (aquela da voz da menina com ''pronúncia'' de tia de Cascais) que me fura os tímpanos; já tentei fazer gestos aos maquinistas, mas desisti ou ainda pensam que é alguma obscenidade.

Um Toque de Jazz. Há já vários meses que não oiço o programa ''Um toque de Jazz'' e tenho sido parvo. É com enorme prazer que oiço neste momento um autêntico programa de rádio. A não perder na Antena 2, semanalmente de Domingo para Segunda (das 0h à 1h da manhã).

Não abusem. Senhores jornalistas não abusem do mau português, leiam a última entrada do ''Pelourinho'' no ''Ciberdúvidas'' (que entrou na rede pela primeira vez faz sete anos!).

sábado, 17 de janeiro de 2004

EMBIRRAÇÕES

Sem nenhuma ordem:
Diana Krall.
Meryl Streep.
Sally Field.
Anos 80.
Matrixes e Senhores dos Aneis.
Agustina Bessa-Luís.
Sumo de Laranja.
Barbara Streisand.
Cerveja sem álcool, café descafeinado e outras coisas sem.
Autocarros da Carris.
Jazz antes das 19h.
Dulce Pontes.
Música ambiente.
Blogues de direita com a mania que são muito engraçados.
Fumo do tabaco.
Narigudas.
Arrumações.
Celofane dos cd's.
Portugal Telecom.
Odivelas, Cacém e muitas outras belas localidades.
Sexo alcoolizado.
Anabela Mota Ribeiro.
Jornal Nacional da TVI.
TVI, o director dela e a mulher dele.
Media Capital em geral.
Bagão Félix ( este nem era necessário estar na lista, a embirração é universal).
Tom Cruise.
Filmes novos de Hollywood série b (99% da produção).
Levantar-me de manhã.
Deitar-me à noite.
Jet-set sem excepções.
Não usarem os comentários deste blogue.
Filmes de ''acção''.

Claro que a lista é muito maior...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2004

NOTAS SOLTAS

Coisas Pequenas. Inicia-se hoje a publicação das notas soltas onde se reúnem pensamentos e ideias que de outra forma se volatilizariam no ar, textos que não tenho tempo, paciência e principalmente talento para desenvolver.

Más Influências. Hoje, no trabalho ''Só um minuto que vou printar (!) o documento''. Quem proferiu tal barbaridade? Eu!
Ouvir a asneira muitas vezes conduz à sua repetição inconsciente num reflexo de papagaio.
PS: As origens das palavras podem ser bizarras, no Dicionário ''on-line'' da Texto Editora a etimologia de papagaio é apresentada assim ''do Ár. babaga, com influência do Lat. gaiu, gaio''

terça-feira, 13 de janeiro de 2004

DESASSOSSEGO IV

"Releio passivamente, recebendo o que sinto como uma inspiração e um livramento, aquelas frases simples de Caeiro, na referência natural do que resulta do pequeno tamanho de sua aldeia. Dali, diz ele, porque é pequena, pode ver-se mais do mundo do que da cidade; e por isso a aldeia é maior que a cidade...

"Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura."


Frases como estas, que parecem crescer sem vontade que as houvesse dito, limpam-me de toda a metafísica que espontaneamente acrescento à vida. Depois de as ler, chego à minha janela sobre a rua estreita, olho o grande céu e os muitos astros, e sou livre com um esplendor alado cuja vibração me estremece no corpo todo.

"Sou do tamanho do que vejo!"Cada vez que penso esta frase com toda a atenção dos meus nervos, ela me parece mais destinada a reconstruir consteladamente o universo. "Sou do tamanho do que vejo!" Que grande posse mental vai desde o poço das emoções profundas até às altas estrelas que se reflectem nele e, assim, em certo modo, ali estão.

E já agora, consciente de saber ver, olho a vasta metafísica objectiva dos céus todos com uma segurança que me dá vontade de morrer cantando. "Sou do tamanho do que vejo!" E o vago luar, inteiramente meu, começa a estragar de vago o azul meio-negro do horizonte.

Tenho vontade de erguer os braços e gritar coisas de uma selvageria ignorada, de dizer palavras aos mistérios altos, de afirmar uma nova personalidade larga aos grandes espaços da matéria vazia.

Mas recolho-me e abrando-me. "Sou do tamanho do que vejo!" E a frase fica sendo-me a alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre mim, por dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar duro que começa largo com o anoitecer."


"A humanidade tem medo da morte, mas incertamente."


"E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou.
Verifico que, tantas vezes alegre, tantas vezes contente, estou sempre triste.
Não vejo, sem pensar.
Não há sossego - e, ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter.''

in ''O Livro do Desassossego'' de Bernardo Soares [Fernando Pessoa]
DESASSOSSEGO III

"Escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho como sempre tenho sido, sozinho como sempre serei. E penso se a minha voz, aparentemente tão pouca coisa, não encarna a substância de milhares de vozes, a fome de dizerem-se de milhares de vidas, a paciência de milhões de almas submissas como a minha ao destino quotidiano, ao sonho inútil, à esperança sem vestígios. Nestes momentos meu coração pulsa mais alto por minha consciência dele. Vivo mais porque vivo maior."

"O coração, se pudesse pensar, pararia.
Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também."

"Tinha-me levantado cedo e tardava em preparar-me para existir.
Era a ocasião de estar alegre. Mas pesava-me qualquer coisa, uma ânsia desconhecida, um desejo sem definição, nem até reles. Tardava-me, talvez, a sensação de estar vivo. E quanto me debrucei da janela altíssima, sobre a rua para onde olhei sem vê-la, senti-me de repente um daqueles trapos húmidos de limpar coisas sujas, que se levam para a janela para secar, mas se esquecem, enrodilhados, no parapeito que mancham lentamentamente."

in ''O Livro do Desassossego'' de Bernardo Soares [Fernando Pessoa]
DESASSOSSEGO II

''Só o que sonhamos é o que verdadeiramente somos, porque o mais, por estar realizado, pertence ao mundo e a toda a gente.''

in ''O Livro do Desassossego'' de Bernardo Soares [Fernando Pessoa]
DESASSOSSEGO

''Escrevo demorando-me nas palavras, como por montras onde não vejo, e são meios-sentidos, quase-expressões o que me fica, como cores de estofos que não vi o que são, harmonias exibidas compostas de não sei que objectos. Escrevo embalando-me, como uma mãe louca a um filho morto.''

''Se um homem escreve bem só quando está bêbado, dir-lhe-ei:
embebede-se. E se ele me disser que o seu fígado sofre com isso respondo: o que é o seu fígado? É uma coisa morta que vive enquanto você vive, e os poemas que escrever vivem sem enquanto.''

in ''O Livro do Desassossego'' de Bernardo Soares [Fernando Pessoa]
CREPÚSCULO

Crespúsculo
É quando um espelho, no quarto,
se enfastia;
Quando a noite se destaca
da cortina;
Quando a carne tem o travo
da saliva,
e a saliva sabe a carne
dissolvida;
Quando a força de vontade
ressuscita;
Quando o pé sobre o sapato
se equilibra...
E quando às sete da tarde
morre o dia
- que dentro de nossas almas
se ilumina,
com luz lívida, a palavra
despedida.

David Mourão-Ferreira
COMENTÁRIOS

Depois de muitas horas sem comentários do BlogSpeak, coloquei um sistema alternativo até tudo se normalizar (estou cá com um pressentimento que não haverá normalização, a ver vamos...).

segunda-feira, 12 de janeiro de 2004

SEGUNDA-FEIRA TRANSFIGURADA



Arnold Schoenberg (1874-1951)
1- ''Die Glückliche Hand'' (A Mão Feliz) Drama com música Op.18
2- Variações Para Orquestra Op.31
3- ''VerKlärte Nacht'' (Noite Transfigurada) Versão para orquestra de cordas Op.4.
S. Niemsgern (Baixo) (1); BBC Singers (1) e BBC Simphony Orchestra (1 e 2); New York Philarmonic (3); direcção de Pierre Boulez.

Simplesmente genial.

sábado, 10 de janeiro de 2004

SÓTÃO II

Novo post no ''Sótão do Abaixo de Cão'' intitulado ''Smileys''

sexta-feira, 9 de janeiro de 2004

PATROCÍNIO PUBLICITÁRIO

Porque carga d'água, mesmo com saldos, no ''El Corte Inglés'' tudo é mais caro?

PS: É impressão minha ou os empregados são quase todos simpáticos mas peneirentos?
PS2: Lá fui eu à FNAC comprar o ''Atlas de Música'' do Ulrich Michels...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2004

MAIS UMA PARA ANIMAR O SITEMETER
Na América existem as Babes Against Bush, será que em Portugal aparecerão as ''Boazonas Contra o Santana'' ou as ''Boas Comò Milho Anti-Cavaco'' ?

NOTE: May 2007 -> DEAD DOMAIN - 404!


quarta-feira, 7 de janeiro de 2004

O COSMOS, O QUE É? III


Miniatura da primeira imagem a cores tirada pela ''Spirit'' em Marte. É a fotografia com maior resolução jamais tirada na superfície de um planeta.

PS: Xi!! até parece que copiei o Blog de Esquerda! Só o li depois de publicar este ''post''. Bem... de qualquer modo não farei nenhuma alteração, fica como está.

terça-feira, 6 de janeiro de 2004

RUAS DA AMARGURA

O Sitemeter anda pelas ruas da amargura, para confirmar a desgraça eis o texto do ''script'' (lá em baixo) hoje às 11 da manhã: ''Documents referring to this site within the last 24 hours (minimum 2 references):
No referrals for this page yet''.
Como a maior parte das visitas via Google vêm à procura de anedotas do Fernando Rocha, vou colocar umas palavritas a propósito para atrair visitantes. Fernando Rocha anedotas dvd ''Levanta-te e Ri'' Tibúrcio Matumbina Toine Rasteirinho bujão bujom.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2004

ROUBO (''POST'' SECTÁRIO)

Apesar dos milhares de testemunhas ninguém fez nada, assim sendo vou à esquadra de Benfica apresentar queixa por roubo e já volto.
O COSMOS, O QUE É? II

Tendo chegado ao seu destino sábado passado, a sonda americana ''Spirit'' transmitiu imagens (ainda a preto e branco) da superfície marciana. Óptima notícia depois do preocupante silêncio da sonda europeia
Beagle 2.
Esta é a verdadeira missão da nossa espécie, é o Caminho Marítimo para a India do sec.XXI.


Desenho representando a aterragem da ''Spirit'' envolta em balões insufláveis.


Foto da saída do invólucro protector e da activação dos painéis solares.


Foto panorâmica do local de aterragem, ampliação aqui.

domingo, 4 de janeiro de 2004

PRÉMIOS DO ''ABAIXO DE CÃO'' 2003

Depois de muitas dúvidas e hesitações aqui estão os prémios do ''Abaixo de Cão''. Estão divididos em duas categorias, os prémios propriamente ditos e os prémios literalmente abaixo de cão.

Blogues do Ano

Apresentados por ordem alfabética.

Alice no País dos Matraquilhos
Crítico
The Amazing Trout Blog







Blogue ''Aconchego do Lar''
A Internet Para as Domésticas - Já

Melhores blogues ''Política e Verdades''
Barnabé
Cruzes Canhoto!

Melhor CD do Ano
Borodin, Quartetos de Cordas 1, 2 e Sexteto de cordas interpretados pelo Quarteto ''The Lindsays''.


Melhor DVD Musical do Ano
Mahler, Sinfonia nº 5 ( + Thomas Adès - ''Asyla''), Orquestra Filarmónica de Berlim sob a direcção de Simon Rattle.


Melhor Filme do Ano
''Mystic River'' de Clint Eastwood.


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Prémio literalmente abaixo de cão ''Blog Ignorado do Ano''
Jaquinzinhos

Prémio literalmente abaixo de cão ''Pior Filme do Ano''
Matrix I, II e III

Prémio literalmente abaixo de cão ''Ordenado Mínimo a Subir 2,5%, Pão a Subir 35%; Puta que os Pariu!!''
XV Governo Constitucional


PS:Outros prémios noutras categorias surgirão futuramente.

sábado, 3 de janeiro de 2004

BREVEMENTE

Afinal sempre serão atribuídos, muito brevemente, os prémios do ''Abaixo de Cão''.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2004

DIRECÇÃO-GERAL DO TESOURO?!

Leio no Público - Última Hora que ''RTP e RDP fundem-se hoje na nova holding pública''.
Mais abaixo, leio também ''A agência Lusa, que integrou a Portugal Global, passa a estar sob responsabilidade directa da Direcção-Geral do Tesouro''.

Desculpe?! Um órgão de informação dirigido pela Manela?! Não estou a ler bem, certamente ainda são os vapores alcoólicos da passagem de ano.
RECEITA DE ANO NOVO

Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo [já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às [carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se [nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou [qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade
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