terça-feira, 26 de abril de 2005

A MÚSICA EM FESTA

Claro que estive todo o fim-de-semana, mas se querem ler opiniões autorizadas sobre o assunto será melhor recorrerem ao ''Critico'' ou ao ''Contemporâneas''.

segunda-feira, 25 de abril de 2005

MEMÓRIA







Imagens descaradamente roubadas ao Tócolante.
NO DIA DA LIBERDADE

LIBERDADE

- Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre nosso que sabia
A pedir-te, humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

- Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
- Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

Miguel Torga
Albufeira, 28 de Agosto de 1975.
in Diário XII.

quinta-feira, 21 de abril de 2005

COLORGRAPHIA XXIII


''Study after Velazquez's Portrait of Pope Innocent X'' 1953.


''Pope and Chimpanzee'' 1962.


''Study of Red Pope of 1962'' Second Version, 1971.

Três pinturas de Francis Bacon sobre um dos motivos recorrentes da sua obra, a figura papal. Poderão ler mais sobre o assunto neste sítio (em inglês).
Aqui o quadro de Velázquez ''Retrato do Papa Inocente X'' de 1650, uma das fontes de inspiração de Bacon.

Clique nas imagens para ver as ampliações.
STAY TUNED

Sendo o ''Abaixo de cão'' um blogue de serviço público, não poderia, obviamente, ignorar a beata onda que tem varrido os media nas últimas semanas. Assim sendo, ainda hoje aqui serão publicadas imagens de papas que muito contribuiram para o bem da humanidade.

terça-feira, 19 de abril de 2005

O TRIUNFO DA LINHA DURA

E assim a Igreja Católica regressa ao Sec. XIX.

segunda-feira, 18 de abril de 2005

PHOTOGRAPHIA XV


Robert Doisneau. ''Les Hélicoptères'', 1972.

sexta-feira, 15 de abril de 2005

MEME?

A julgar pelo Google parece que sim, até eu estou obrigado a juntar-me à molhada.

terça-feira, 12 de abril de 2005

PÁ!

Ó Dodo, és mesmo tramado! Eheheheheh.
De qualquer modo ''conselho'' já aparece como ''concelho'' e com direito a linque para a respectiva definição no dicionário.

sexta-feira, 8 de abril de 2005

DISCOGRAPHIA II




 Estranha escolha musical para um fim-de-semana em Peniche, mas como é em trabalho tem a sua lógica.

terça-feira, 5 de abril de 2005

A CONTINUAR ASSIM...

... suspeito que ficarei com a conta do Haloscan desactivada por inactividade...
DESASSOSSEGO V

Autobiografia sem factos
1
Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido a crença em Deus, pela mesma razão que os seus maiores a haviam tido - sem saber porquê. E então, porque o espírito humano tende naturalmente para criticar porque sente, e não porque pensa, a maioria desses jovens escolheu a Humanidade para sucedâneo de Deus. Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem, nem vêem só a multidão de que são, senão também os grandes espaços que há ao lado. Por isso nem abandonei Deus tão amplamente como eles, nem aceitei nunca a Humanidade. Considerei que Deus, sendo improvável, poderia ser, podendo pois dever ser adorado; mas que a Humanidade, sendo uma mera ideia biológica, e não- significando mais que a espécie animal humana, não era mais digna de adoração do que qualquer outra espécie animal. Este culto da Humanidade, com seus ritos de Liberdade e Igualdade, pareceu-me sempre uma revivescência dos cultos antigos, em que animais eram como deuses, ou os deuses tinham cabeças de animais.

Assim, não sabendo crer em Deus, e não podendo crer numa soma de animais, fiquei, como outros da orla das gentes, naquela distância de tudo a que comummente se chama a Decadência. A Decadência é a perda total da inconsciência; porque a inconsciência é o fundamento da vida. O coração, se pudesse pensar, pararia.

A quem, como eu, assim, vivendo não sabe ter vida, que resta senão, como a meus poucos pares, a renúncia por modo e a contemplação por destino? Não sabendo o que é a vida religiosa, nem podendo sabê-lo, porque se não tem fé com a razão; não podendo ter fé na abstracção do homem, nem sabendo mesmo que fazer dela perante nós, ficava-nos, como motivo de ter alma, a contemplação estética da vida. E, assim, alheios à solenidade de todos os mundos, indiferentes ao divino e desprezadores do humano, entregamo-nos futilmente à sensação sem propósito, cultivada num epicurismo subtilizado, como convém aos nossos nervos cerebrais.

Retendo, da ciência, somente aquele seu preceito central, de que tudo é sujeito às leis fatais, contra as quais se não reage independentemente, porque reagir é elas terem feito que reagíssemos; e verificando como esse preceito se ajusta ao outro, mais antigo, da divina fatalidade das coisas, abdicamos do esforço como os débeis do entre timento dos atletas, e curvamo-nos sobre o livro das sensações com um grande escrúpulo de erudição sentida.

Não tomando nada a sério, nem considerando que nos fosse dada, por certa, outra realidade que não as nossas sensações, nelas nos abrigamos, e a elas exploramos como a grandes países desconhecidos. E, se nos empregamos assiduamente, não só na contemplação estética mas também na expressão dos seus modos e resultados, é que a prosa ou o verso que escrevemos, destituídos de vontade de querer convencer o alheio entendimento ou mover a alheia vontade, é apenas como o falar alto de quem lê, feito para dar plena objectividade ao prazer subjectivo da leitura.

Sabemos bem que toda a obra tem que ser imperfeita, e que a menos segura das nossas contemplações estéticas será a daquilo que escrevemos. Mas imperfeito é tudo, nem há poente tão belo que o não pudesse ser mais, ou brisa leve que nos dê sono que não pudesse dar-nos um sono mais calmo ainda. E assim, contempladores iguais das montanhas e das estátuas, gozando os dias como os livros, sonhando tudo, sobretudo, para o converter na nossa íntima substância, faremos também descrições e análises, que, uma vez feitas, passarão a ser coisas alheias, que podemos gozar como se viessem na tarde.



Não é este o conceito dos pessimistas, como aquele de Vigny, para quem a vida é uma cadeia, onde ele tecia palha para se distrair. Ser pessimista é tomar qualquer coisa como trágico, e essa atitude é um exagero e um incómodo. Não temos, é certo, um conceito de valia que apliquemos à obra que produzimos. Produzimo-la, é certo, para nos distrair, porém não como o preso que tece a palha, para se distrair do Destino, senão da menina que borda almofadas, para se distrair, sem mais nada.



Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde ela me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao ue fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.

Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também.

Fragmento, 29.3.1930.
in ''O Livro do Desassossego'' de Bernardo Soares [Fernando Pessoa].

segunda-feira, 4 de abril de 2005

DISCOGRAPHIA




 Banda sonora para hoje, segunda-feira.

sábado, 2 de abril de 2005

2 DE ABRIL

Conforme podem constatar o post anterior foi publicado a 1 de Abril, mas infelizmente a notícia nele mencionada não é uma mentira.

sexta-feira, 1 de abril de 2005

ACÇÃO JUDICIAL

Estou furibundo! Como é possível que um Jornal como O Independente use o prestígio deste blogue para vender jornais? Conforme podem constatar na foto abaixo o nome Abaixo de Cão® foi usado em associação com a notícia de um acto absolutamente atroz. Para quem não sabe Abaixo de Cão® é uma marca registada e por esse motivo não pode ser usada sem a devida autorização. Obviamente que tal permissão nunca seria concedida neste contexto pois a comercialização futura de produtos com a marca Abaixo de Cão® seria seriamente comprometida.
Neste momento o meu advogado já enviou à directora d'O Independente uma carta informando-a que será movida uma acção judicial contra o seu semanário.
   



Se pensam que é uma montagem podem sempre visitar o site para confirmar.
Clique em "Mensagens antigas" para ler mais artigos fantásticos do Arquivo.

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