sábado, 28 de outubro de 2006

COLORGRAPHIA XLV


William Turner (1775-1851) "Rain, Steam and Speed - The Great Western Railway", 1844.

Ligações:
William Turner, Wikipédia em português
Answers.com
Web Gallery of Art

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segunda-feira, 23 de outubro de 2006

FUTURO DO PLANETA

A Islândia, país supostamente civilizado, juntou-se hoje à Noruega (outro país supostamente civilizado) e começou a caçar baleias violando assim a moratória de 1985.
Faça ouvir a sua voz e envie este e-mail, através da Greenpeace, ao Director de Turismo islandês. O objectivo é fazer sentir que uma hipotética viagem turística à Islândia estará sempre fora de causa enquanto durar a incompreensível matança. Não esqueça que: quem cala, consente.

Arquivado em: Futuro do Planeta

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

SÓ?!

- Boa tarde Dona Rosa.
- Boa tarde Sô Vítor, um café curto como sempre?
- Sim, como sempre.
- Aqui está. Que ar tão cansado!
- É por causa do trabalho e do trânsito da manhã, basta a chuva ser mais intensa e fica tudo num caos.
- E a gasolina está sempre a subir, não se percebe tanto carro na rua!
- Não se percebe mesmo...
- Verdade se diga que tudo sobe, já viu a electricidade? Um aumento de 16%!
- Não, o Governo decidiu que o aumento será de 6% durante dez anos.
- Que alívio! Se aumentam 6% fico mais descansada, é durante dez anos, mas sempre é menos de metade do que tinham dito no Telejornal!
- !

Arquivado em: Coisas da vida...

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

COLORGRAPHIA XLIV

Hans Memling (c. 1430-1494). "Tríptico de São João", 1474; Memlingmuseum, Sint-Janshospitaal, Bruges.


Painel esquerdo representando a execução de São João Baptista.


Pormenor (realista) do corpo decapitado do santo.


A cabeça de São João Baptista numa bandeja de prata, segundo o desejo de Salomé.


Vista geral do tríptico.
O painel central representa a Sacra Conversazione, vários santos que se juntam à volta da Virgem e do Menino, ampliação aqui. O painel direito dá-nos a conhecer São Pedro guardando as portas do Paraíso, ampliação aqui.

Quando na semana passada vi a primeira parte da excelente mini-série Elizabeth, na RTP 2, lembrei-me logo deste tríptico. A decapitação de Mary, Queen of Scots, em dois golpes, foi muito menos eficiente do que a retratada por Memling quase um século antes.
Não se esqueça de ver hoje a segunda parte.

Ligações:
Hans Memling, Wikipédia em português
Hans Memling, Wikipedia
Web Gallery of Art: Hans Memling

Arquivado em: "Pintura"

CHUVA OBLÍQUA

"CHUVA OBLÍQUA"

I

Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...

O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado...
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol...

Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...
O vulto do cais e a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro...

Não sei quem me sonho...
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvores, estrada a arder em aquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma...


II

Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia,
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça...

Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido
por dentro...

O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar...

Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no facto de haver coro...

A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruído da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel...

E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa...


III

A Grande Esfinge do Egipto sonha por este papel dentro...
Escrevo - e ela aparece-me através da minha mão transparente
E ao canto do papel erguem-se as pirâmides...

Escrevo - perturbo-me de ver o bico da minha pena
Ser o perfil do rei Cheops...
De repente paro..
Escureceu tudo... Caio por um abismo feito de tempo...

Estou soterrado sob as pirâmides a escrever versos à luz clara
deste candeeiro
E todo o Egipto me esmaga de alto através dos traços que faço
com a pena...
Ouço a Esfinge rir por dentro
O som da minha pena a correr no papel...
Atravessa o eu não poder vê-la uma mão enorme,

Varre tudo para o canto do tecto que fica por detrás de mim,
E sobre o papel onde escrevo, entre ele e a pena que escreve

Jaz o cadáver do rei Cheops, olhando-me com olhos muito abertos,
E entre os nossos olhares que se cruzam corre o Nilo
E uma alegria de barcos embandeirados erra
Numa diagonal difusa
Entre mim e o que eu penso...

Funerais do rei Cheops em ouro velho e Mim!...


lV

Que pandeiretas o silêncio deste quarto!...
As paredes estão na Andaluzia...
Há danças sensuais no brilho fixo da lua...

De repente todo o espaço pára....
Pára, escorrega, desembrulha-se....
E num canto do tecto, muito mais longe do que ele está,
Abrem mãos brancas janelas secretas
E há ramos de violetas caindo
De haver uma noite de Primavera lá fora
Sobre o eu estar de olhos fechados...


V

Lá fora vai um redemoinho de sol os cavalos do carroussel...
Árvores, pedras, montes, bailam parados dentro de mim.

Noite absoluta na feira iluminada, luar no dia de sol lá fora,
E as luzes todas da feira fazem ruído dos muros do quintal...
Ranchos de raparigas de bilha à cabeça
Que passam lá fora cheias de estar sob o sol,

Cruzam-se com grandes grupos peganhentos de gente que anda na feira.
Gente toda misturada com as luzes das barracas, com a noite e
com o luar.
E os dois grupos encontram-se e penetram-se
Até formarem só um que é os dois...
A feira e as luzes da feira e a gente que anda na feira.

E a noite que pega na feira e a levanta ao ar,
Andam por cima das copas das árvores cheias de sol,
Andam visivelmente por baixo dos penedos que luzem ao sol,
Aparecem do outro lado das bilhas que as raparigas levam à cabeça,
E toda esta paisagem de Primavera é a lua sobre a feira,
E toda a feira com ruídos e luzes é o chão deste dia de sol...

De repente alguém sacode esta hora dupla como numa peneira
E, misturado, o pó das duas realidades cai
Sobre as minhas mãos cheias de desenhos de portos
Com grandes naus que se vão e não pensam em voltar...
Pó de ouro branco e negro sobre os meus dedos...
As minhas mãos são os passos daquela rapariga que abandona a feira,
Sozinha e contente como o dia de hoje...


VI

O maestro sacode a batuta,
E lânguida e triste a música rompe...

Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé dum muro de quintal
Atirando-lhe com uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo...

Prossegue a música, e eis na minha infância
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...

Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares, e a bola vem a tocar música,
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão verde tornando-se jockey amarelo...
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)

Atiro-a de encontro à minha infância e ela
Atravessa o teatro todo que está aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cão verdc
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal... E a música atira com bolas
A minha infância... E o muro do quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos...
Todo o teatro é um muro branco de música

Por onde um cão verde corre atrás da minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...
E dum lado para o outro, da direita para a esquerda,
Donde há árvores e entre os ramos ao pé da copa
Com orquestras a tocar música,
Para onde há filas de bolas na loja onde a comprei
E o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...

E a música cessa como um muro que desaba,
A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,
E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,
Agradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro,
E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça
Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo...

Fernando Pessoa, 1915.

Arquivado em: Poesia

terça-feira, 10 de outubro de 2006

CONCERTAÇÃO SOCIAL, RESOLVIDOS OS PROBLEMAS DA SEGURANÇA SOCIAL

Com as actuais "reformas" no Serviço Nacional de Saúde e com o "acordo" hoje alcançado na Concertação Social de futuro não será nada difícil pagar as pensões. Porquê? Porque dentro de poucos anos teremos a mesma esperança de vida que no Burkina Faso.

Arquivado em: "Política"

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

CABEÇA A MINHA, ATÉ ME ESQUEÇO...

... que tenho um blogue...

Arquivado em: "Blogosfera"

terça-feira, 3 de outubro de 2006

NÃO POSTO NADA HOJE E NÃO SE FALA MAIS NISSO

- Ó Blogger, diz lá o que é que eu vou escrever neste rectângulo branco?
- Sei lá! Não estou aqui para dar opiniões.
- Porra pá! Já nos conhecemos há três anos, podias dar uma ajudinha.
- Se desse ajudinhas a todos os gajos que não sabem o que escrever era responsável por todo o conteúdo da blogosfera.
- Que tal falar mal da Floribela?
- Pelas minhas contas já 785 tiveram a mesma ideia (pá, o nome tem dois éles).
- Deitar o Cavaco abaixo?
- Quem?
- Quem?! O tipo que foi o primeiro a saber da gravidez da Letícia.
- É o marido dela?
- Não!
- Então é o pai do miúdo.
- Não!!
- Então como é que foi o primeiro a saber?
- Esquece! Ora bem... posto um jotapeguezinho catita?
- Essa do jotapeguezinho catita não é nada original, era melhor escreveres sobre a Maria Filomena Mónica.
- Estou a ver o programa na RTP, mas sempre que a oiço ou leio fico desanimado, para pessimista basto eu.
- Então não sei o que te sugira.
- Já sei! Vou armar uma guerra com blogues famosos, assim aumento a minha popularidade.
- Boooring! Ninguém te vai ligar nenhuma. Já reparaste que desde o dia 21 de Setembro, exceptuando uma miúda simpática que teve pena de ti, nenhum leitor usou a caixa de comentários?
- Tens razão. Pensando melhor, vou falar de sexo, sex always sells.
- Para marcar a diferença tinhas que ser muito bom, na internet portuguesa nem a pornografia se aproveita.
- Fotografias de pouca qualidade com retratos do trabalho em várias parte do mundo?
- O Pacheco chegou primeiro.
- Uma foto do António Feio com a legenda: "Eu hoje acordei assim..."
- A Bomba reclama logo os direitos de autor.
- Quem me manda a mim ter um blogue?!
- Absolutamente ninguém!
- Poluição sonora no Metro é o tema, esta decidido!
- Olha que o pessoal até gosta dos anúncios que os "cantores" "actores" dos Morangos com Açucar fazem.
- Kant? Kant fica sempre bem.
- I can't get no satisfaction...
- Esse é o pior trocadilho desde que inventaram aquele com o apelido Ramalho.
- Já reparaste que 35% dos teus leitores são brasileiros e que 90% não percebem nada desta conversa?
- Não faz mal, isto é uma conversa particular. É isso! Falo da minha vida particular. Deixa cá ver.. tenho de mudar de óculos.
- Coisa tão interessante...
- Até é, tenho 40% de desconto!
- Pois... em armações de papelão. Bem... já se faz tarde, tenho um unscheduled downtime já a seguir
- Outro? Passas a vida nisso!
- Tu também dormes todos os dias.
- Quase todos, mas realmente está na hora da caminha.
- Antes disso, a quantidade industrial de pontos de exclamação que pràqui vai!
- É uma conversa, é natural que existam muitas exclamações. Já é tarde, eu não posto nada hoje e não se fala mais nisso.
(- Usaste o corrector ortográfico?)
(- Pá, vai dormir!)
(- Mais exlamações...)
(- Grrrrrrrr!)

Arquivado em: "Blogosfera"
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