quinta-feira, 26 de abril de 2007

A PROPÓSITO DE DEMOCRACIA, JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS

George Tenet, o antigo director da CIA, em entrevista à CBS usa a expressão "enhanced interrogation techniques" que em bom português só se pode traduzir como "tortura".
Quando se refere a "Guantanamo Bay detainment camp" o local onde são despejados seres humanos sujeitos a condições degradantes, presos por tempo indeterminado, sem direito de defesa, considerados culpados até provarem que são culpados; a tradução só pode ser "campo de concentração de Guantanamo".

Arquivado em: Descer ao mesmo nível dos terroristas que se diz querer combater

quarta-feira, 25 de abril de 2007

O POVO SAIU À RUA



Arquivado em: Portugal de Abril

25 DE ABRIL E O FIM DO LÁPIS AZUL

O que pensa Cardoso Pires da... PIDE

- O seu segundo livro, Histórias de Amor, foi apreendido...

- Um dos contos descrevia a prisão de uma estudante antifascista mas a Censura fingiu ignorar o pormenor. A PIDE é que não: prendeu-me sem mais aquelas...

- Como foi tratado pela PIDE?

- Não me interrogaram, não me deixaram dormir durante três dias e depois puseram-me na rua sem interrogatório, sem nada. Apenas, a privação do sono e algumas provocações. Era um aviso da polícia a um jovem que começava a escrever, nada mais.

- Foi longo o seu conflito com a Censura...

- Em todo o caso, muito menor do que o de alguns escritores. Torga esteve preso não sei quanto tempo por ter escrito Os Bichos. Redol foi proibido de publicar fosse o que fosse durante dois anos... A polícia política e a polícia da escrita trabalhavam de mãos dadas, como aconteceu no meu caso, mas nunca se comprometiam com qualquer declaração documentada. Veja, a PIDE teve-me detido e dessa reclusão não ficou um auto de captura, um interrogatório. Uma semana depois foi a vez de a Censura me chamar por uma contrafé. O director, um major sinuoso que dava pelo nome de David dos Santos, propôs-me que eu fizesse emendas ao texto das Histórias de Amor para lhe levantar a interdição.

- Que emendas?

- Substituir as passagens censuradas, pura e simplesmente. Num livro de Jacinto Baptista * há uma referência a esse episódio com bastante exactidão. Para os censores o que na altura estava em causa já não era o livro, era o jovem escritor que eu era. Era esse principiante que aquele major de merda estava a humilhar convictamente, procurando comprometê-lo ali mesmo, logo à nascença. O próprio facto de eu ter de recusar uma negociação tão suja foi, lembro-me bem, uma segunda humilhação para mim porque uma proposta de colaboracionismo, mesmo que em termos de rotina burocrática, pressupõe que o carrasco tem uma imagem desdenhosa da vítima. Claro que da tentativa de aliciamento não ficou o menor registo, como era costume. Ou, antes, ficou; neste caso ficou, porque o major aliciador insistiu em que eu reconsiderasse e entregou-me o exemplar censurado para que eu o corrigisse. O exemplar censurado, imagine! As anotações, as passagens, as páginas cortadas pelo célebre lápis azul da censura, tudo ali na minha mão!

- Por exemplo ...?

- Por exemplo, a palavra nu cortada logo ao abrir do livro. «O homem estava nu em cima da cama ...» e, zás, o lápis azul atacou logo. Por exemplo, certas expressões do género filho da mãe, dor de corno, catano e outras assim, tudo abaixo, tudo excomungado. A simples referência a Maiakovski, ao Éluard e ao Pessoa (ao Pessoa, veja bem!) levantou prontamente a suspeita do bem-pensante e foi abatida antes que se fizesse tarde, e isto para não falar já das páginas eliminadas por inteiro nem das interrogações e de certos sinais enigmáticos que aparecem à margem doutras. Numa delas está anotado a tinta «Deixar passar?» Como vê, os caprichos da Censura eram largos e insondáveis... e eu tinha-os ali na mão! Desse por onde desse, não estava disposto a perder um testemunho daqueles. Como e de que maneira, não sabia. Por sorte minha, pouco tempo depois houve uma remodelação dos Serviços de Censura e nunca mais devolvi o exemplar. Guardo-o como um apontamento precioso da minha vida de escritor porque é uma comprovação da prepotência e da análise supersticiosa daquilo a que o Salazar chamava a Política do Espírito. Senti a mão da Censura logo ao primeiro texto que publiquei em livro, uma antologia universitária intitulada Bloco. Morte imediata, livro apreendido sem demora porque a polícia da escrita estava atenta aos candidatos a escritor. Os que havia já chegavam e sobravam, para essa praga de inquisidores, o escritor português vivo era a besta inconveniente, o alvo maldito. Mesmo assim, ele não se calava, não desistia de escrever. E os editores publicavam-no, os editores, que imprudência, assumiam esse risco. E os livreiros protegiam-no, faziam malabarismos para lhe venderem o livro clandestinamente se por acaso fosse proibido.''

* Jacinto Baptista, Caminhos para uma Revolução, Ed. Bertrand, Lisboa, 1975.

Cardoso Pires por Cardoso Pires, entrev. de Artur Portela, 1ª edição, Publicações D. Quixote, 1991, 124 p., pp. 33-35

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Anotações da Censura Prévia sobre alguns filmes

''A Terra Treme'', de Luchino Visconti (1948) - ''Paira neste filme uma atmosfera contra a sociedade instituída. (...) O filme constitui um espectáculo inconveniente e altamente perigoso.''

''Verboten'', de Samuel Fuller (1958) - ''É um filme de baixa propaganda antinazi (...). É um filme de ódio, politicamente inconveniente. É em suma um assunto ultrapassado.''

''O Acossado'', de Jean Luc Godard (1959) - ''O filme é de todo o ponto inconveniente porque não é mais do que a apresentação de situações à margem da lei e da moralidade.''

''A Adolescente'', de Luis Buñuel (1960) - ''Trata-se de um filme de Luis Buñuel, conhecido realizador espanhol de formação à esquerda (...). No decorrer da história, muitas vezes aflora um racismo violento de brancos contra pretos (...). O filme seria de aprovar, noutro momento (...). Porém, neste momento em que nos afligem problemas delicados em África, não seria conveniente a aprovação de um filme deste tipo.''

''O Julgamento de Nuremberga'', de Stanley Kramer (1961). Filme extensamente censurado.

''A Colina Maldita'', de Sidney Lumet (1965) - "As situações apresentadas neste filme criam um desrespeito completo pela hierarquia militar e até, em certos aspectos, ódio ao exército."

''Dracula, Prince of Darkness'', de Terence Fisher (1966) - "Trata-se de um filme que pretende fazer crer na existência de vampirismo, em que este aparece ligado com a religião."

''Oh! What a Lovely War'', de Richard Attenborough (1969) - "Reprovamos o filme pois é um libelo cruel contra a guerra."

''Zabriskie Point'', de Michelangelo Antonioni (1970) - "Reprovamos o filme: a revolta da juventude nas primeiras partes e a destruição da civilização na última são os motivos determinantes."

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Alguns dos discos censurados durante o Estado Novo

Adriano Correia de Oliveira
''Gente de Aqui e de Agora''

Amália Rodrigues/Vinicius de Moraes
Disco com o mesmo nome, diversos intérpretes

António Calvário
"Vou ao Norte"

Carlos Mendes
''Segunda Canção com Lágrimas'' (letra de Manuel Alegre)
''E alegre se fez triste''/''O Regresso''

Carlos do Carmo
''Ferro Velho''

Fausto
''África'', ''Ó Pastor que Choras'' e ''Chora, Amigo''

Fernando Lopes Graça
''O Menino de sua Mãe'' (faixa)

Fernando Tordo
''Viagens que passais'', ''Sangue nas Palavras'' e ''O Café'' (faixas)

João Perry
''Textos Literários/Poesia de Eugénio de Andrade''

José Afonso
''Menino do Bairro Negro''
''Os Vampiros''
''Ó Vila de Olhão''
''Cantigas de Maio''
''Venham Mais Cinco''

José Barata Moura
''Subúrbio''
''Vamos Brincar à Caridadezinha''

José Jorge Letria e Carlos Alberto Moniz
''Três Novas e Três Velhas''
José Jorge Letria de Viva Voz

José Mário Branco
''Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades''

Luís Cília
''Duas Melodias''
''Meu País''

Manuel Freire
''Manuel Freire''

Mário Viegas e Daniel Filipe
''A Invenção do Amor''
''Palavras Ditas''

Arquivado em: Portugal de Abril

MEMÓRIA DE ABRIL COM A AJUDA DO TÓCOLANTE



Arquivado em: Portugal de Abril

terça-feira, 24 de abril de 2007

NO DIA MUNDIAL DO LIVRO E NOS OUTROS 364

Leiam!

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domingo, 22 de abril de 2007

ANTES QUE ME ESQUEÇA OUTRA VEZ


Começou na quinta-feira passada o melhor festival de cinema independente do país, o IndieLisboa.
Se estiver em Lisboa ou perto vá assistir às fitas que não consegue ver no resto do ano.
Programação completa aqui (ficheiro pdf).

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quinta-feira, 19 de abril de 2007

YOUTUBE MUSICAL IV - MAHLER - RECOMPENSA PELO ENTUSIASMO DOS LEITORES

 
Final do último andamento da 2ª de Mahler. Já sei que vou ter o mesmo acolhimento entusiástico da postagem anterior, mas como diria a Cat: sigamos pra bingo... 

Arquivado em: Grande Música 

ACTULIZAÇÃO: vídeo apagado pelo YouTube (apesar de ser um excerto), substituído por um pequeno trailer produzido pelo detentor dos direitos de autor.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

YOUTUBE MUSICAL III - MAHLER ou
É TÃO FÁCIL POSTAR UM VÍDEO E JÁ ESTÁ ou
MAIS UM "Nenhum leitor opinou (0)"


Excerto da 2ª Sinfonia de Mahler (3º movimento). Orquestra do Festival de Lucerna dirigida por Claudio Abbado.

Mahler causa dependência, sempre que começo a ouvir a "Ressurreição" não consigo parar até aos acordes finais.

PS: qualidade de som medíocre, mas Mahler (e Bach) conseguem "sobreviver" a tudo.

Arquivado em: Grande Música

ACTULIZAÇÃO: vídeo apagado pelo YouTube (apesar de ser um excerto), substituído por um pequeno trailer produzido pelo detentor dos direitos de autor.

terça-feira, 10 de abril de 2007

ALGUÉM ME SABE DIZER COMO ME POSSO TORNAR CIDADÃO DO ZIMBÁBUE?

Supremo condena PÚBLICO...

irrelevante que o facto divulgado seja ou não verídico para que se verifique a ilicitude a que se reporta este normativo, desde que, dada a sua estrutura e circunstancialismo envolvente, seja susceptível de afectar o crédito ou a reputação do visado"

Recorde-se que no caso presente a reputação em causa é a de uma empresa (sociedade desportiva) e não a de um cidadão.

O Acórdão aborto jurídico do Supremo Tribunal de Justiça pode ser lido aqui.

Arquivado em: Terceiro Mundo
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