Noite Transfigurada Criança adormecida, ó minha noite, noite perfeita e embalada folha a folha, noite transfigurada, ó noite mais pequena do que as fontes, pura alucinação da madrugada - chegaste, nem eu sei de que horizontes. Hoje vens ao meu encontro nimbada de astros, alta e despida de soluços e lágrimas e gritos - ó minha noite, namorada de vagabundos e aflitos. Chegaste, noite minha, de pálpebras descidas; leve no ar que respiramos nítida no ângulo das esquinas - ó noite mais pequena do que a morte: nas mãos abertas onde me fechaste ponho os meus versos e a própria sorte. Eugénio de Andrade in ''As Mãos e os Frutos'', 1948. |
quinta-feira, 27 de janeiro de 2005
POESE
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