DESASSOSSEGO
''Escrevo demorando-me nas palavras, como por montras onde não vejo, e são meios-sentidos, quase-expressões o que me fica, como cores de estofos que não vi o que são, harmonias exibidas compostas de não sei que objectos. Escrevo embalando-me, como uma mãe louca a um filho morto.''
''Se um homem escreve bem só quando está bêbado, dir-lhe-ei:
embebede-se. E se ele me disser que o seu fígado sofre com isso respondo: o que é o seu fígado? É uma coisa morta que vive enquanto você vive, e os poemas que escrever vivem sem enquanto.''
in ''O Livro do Desassossego'' de Bernardo Soares [Fernando Pessoa]
terça-feira, 13 de janeiro de 2004
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